CRÔNICA - A tribo “TÔ NEM AÍ”

Pedro Widmar - 4º período

Recentemente tem aparecido nas páginas dos diários a Reserva Ianomâmi. Trata-se de uma área de 97 km2 demarcada para uso exclusivo dos ianomâmi (cerca de 3 mil pessoas) . O acesso é proibido à Policia Federal e Forças Armadas. Estranho? Isso mesmo.

Mas enquanto em uma parte do continente um governo cede terra em quantidades abundantes para uso exclusivo de uma pequena parte de seus sujeitos, em outra, os cidadãos brigam pela autonomia efetuando até referendos para o direito de se organizar independentemente. (referendo de Santa Cruz de la Sierra)

O fato é que na Bolívia foi votado, recentemente se o estado de Santa Cruz deveria ou não ser autônomo até certo ponto. Basicamente, uma maioria do estado se organizou e em uma forma de protesto contra o governo Evo Morales e votou se queria continuar sob seu domínio administrativo. Por que esta longa historia de terra e autonomia? Foi depois de ler o jornal do domingo e ver todas as acusações de improbidade e corrupção que pensei: "Ora bolas, então deveríamos fazer isto aqui no Rio!"

Talvez autonomia no estado inteiro seja ambicioso demais, mas pelo menos na cidade do Rio dá. Imagina só. Uma reserva independente do resto do País! Seriamos do tamanho de Mônaco, ou Liechtenstein, um mero caroço de azeitona na grande pizza que é o Brasil.

Os bolivianos de Santa Cruz acreditam que com a autonomia vão conseguir se administrar de forma mais rápida e eficaz, pois não terão que esperar o governo central para pagar seus empregados, ou contratar e aprovar obras. Parece o tipo de solução ideal para um estado que tem 90% da riqueza boliviana e ainda caminha como uma economia de quinto mundo. É justamente neste contexto que defendo uma divisão entre a cidade do Rio e Brasil.

O único problema agora é como mobilizar os cidadãos a votar. O Rio não se reúne nem para manifestar contra o direito de se manifestar! Exemplo: A proibição da Marcha da Maconha, onde um dos direitos mais democráticos, a liberdade de expressão, foi completamente esculachado, sem uma mínima reação do povo.
Mas será mesmo que precisamos de um voto? Perai, a única coisa que precisamos é de uma tribo de índios. Assim, o governo nos cederia a terra gratuitamente! Isso mesmo, mas onde encontrar índios aqui? Talvez nem precisemos. Para muitos a tribo dos ianomâmis nem existe, especialmente já que nenhum dos índios assentados na reserva se chama de ianomâmi, e de fato pertencem a quatro ou mais tribos diferentes. Então, esta decidido, meus caros cariocas: Se alguém te perguntar, você não é mais negro, branco, ou europeu. Só precisamos fingir um pouco. Daqui em diante somos todos da tribo TÔNEMAÍ. Inventei agora mesmo. A tribo TÔNEMAÍ: unidos para um Rio de Janeiro independente.